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Arquivo da Categoria "Eventos em Destaque"

O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI

Postado por CFB em 17/jul/2023 -

“A arte povera ainda é hoje uma fonte de referência essencial para se compreender a arte contemporânea brasileira”

– Marcus de Lontra Costa

A exposição “O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI” ocupa, a partir de 22 de julho, o espaço monumental da Casa França-Brasil, no centro do Rio, e apresenta ao público carioca um conjunto de 36 obras em diferentes técnicas, formatos e materiais. Com o patrocínio da Petrobras e curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, a exposição chama atenção para a influência e os diálogos com a arte povera na produção artística brasileira.

Anna Bella Geiger – Sem título, 1979
Imagem: Paulinho Muniz

Este movimento, que teve origem na Itália no final dos anos 1960, buscava uma relação mais vivencial com a arte, em resposta a um mercado em ascensão que transformava a criação artística em produto comercial. Para isso, os artistas da arte povera, em italiano arte pobre, usavam materiais diversos do cotidiano que nem sempre eram considerados nobres, e faziam uma provocação tanto sobre o que era ser artista, com forte influência das ideias do francês Marchel Duchamp, como também do papel da arte na sociedade de consumo. Assim como a pop arte e a arte conceitual, que se desenvolveram no mesmo período, esse movimento foi responsável por libertações técnicas e temáticas que abriram caminhos para várias questões que até hoje fazem parte das pesquisas contemporâneas. A influência destas três vanguardas no Brasil do final dos anos 1960 aconteceu em meio ao conturbado cenário político e econômico da ditadura militar. Como resposta à repressão e à violência, grande parte da produção artística desta época trazia um caráter essencialmente subversivo e de denúncia. Se na Europa e nos Estados Unidos a crítica visava a sociedade de consumo, no Brasil, a contestação assumia o papel de resistência democrática, a favor da liberdade, onde o corpo era o principal espaço da ação artística. Nos últimos anos, a importância da pop e da arte conceitual nessas esferas vem sendo estudada por diversos críticos, mas a povera, no entanto, permanece pouco conhecida tanto no ambiente artístico como pelo grande público. A exposição “O real transfigurado” reúne obras que exemplificam os diálogos entre questões da povera italiana e da experiência brasileira.

“Talvez uma das maiores contribuições desse movimento foi a provocação por uma expressão artística pulsante contra uma ideia de objeto artístico estático. Para isso, os artistas lançavam mão de materiais diversos, considerados vulgares pela tradição da arte, como produtos perecíveis e até mesmo animais vivos, como é o caso da icônica obra “Pappagallo” feita por Jannis Kounellis em 1967. Apesar de muito já se refletir sobre essas particularidades latino americanas nos movimentos pop e conceitual, ainda é pouca a consciência, tanto da classe artística como do público geral, da importância da povera”, diz Rafael Fortes Peixoto, um dos curadores da mostra.

“A exposição tem artistas que se referem diretamente a arte povera com obras referenciais dos anos de 1970 como os trabalhos do Barrio, de Antonio Manuel e de Anna Bella Geiger, e as decorrências futuras dessa influência da polvera que chegam a artistas como Eliane Duarte, que é uma artista que merece ser revista no cenário da arte carioca e brasileira, Nazaré Pacheco, Nelson Felix. A exposição também tem o compromisso de apresentar artistas diretamente referenciados a este movimento durante o período da ditadura militar, como também um grupo de artistas já dos anos de 1980 e 1990 que dialogam à distância com essa questão da arte povera. A arte povera ainda é hoje uma fonte de referência essencial para se compreender a arte contemporânea brasileira”, explica o curador Marcus de Lontra Costa.

Antônio Dias – “The Illusionist”, 1971
Imagem: Jaime Acioli

As obras que compõe a mostra pertencem à icônica Coleção João Sattamini, em comodato com o MAC-Niterói desde 1991. Composta por mais de 1000 obras, a coleção foi criada ao longo de trinta anos de colecionismo e traz um amplo panorama da produção artística brasileira da segunda metade do século XX. Entre os 33 artistas selecionados para a exposição estão nomes referenciais da arte brasileira, como Antonio Dias, Cildo Meireles, Anna Bella Geiger, Ernesto Neto, Frans Krajcberg, Arthur Barrio, Tunga, Nelson Felix, Iole de Freitas, Antonio Manuel, Nazareth Pacheco, entre outros.

Além de incentivar uma reflexão sobre a influência da povera no Brasil, a exposição pretende provocar o público a experienciar a arte fora de padrões estéticos e formais, percebendo a obra de arte como experiência do material no espaço, onde espectador e obra, exercem a mesma função.

“O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI” é a segunda de três exposições que acontecem ao longo de 2023. Contemplada na chamada do programa Petrobras Cultural Múltiplas Expressões, conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, e o patrocínio da Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, com o intuito de revitalizar a Casa França Brasil, tomando como ponto de partida sua importância histórica de espaço de cultural e de valorização da produção artística brasileira. A primeira da série, “Navegar é Preciso – paisagens fluminenses”, ficou ambientada na Casa França-Brasil até o dia 9 de julho com grande sucesso de público.

Luiz Ernesto – “Equilibrando-se em luz revela-se”, 2012
Imagem: Jaimi Acioli

Serviço:

O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI

Curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto

Casa França-Brasil

Artistas: Afonso Tostes, Angela Freiberger, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Artur Barrio, Camille Kachani, Chico Cunha, Cildo Meireles, Emmanuel Nassar, Delson Uchôa, Eliane Duarte, Ernesto Neto, Farnese de Andrade, Franz Krajcberg, Iole de Freitas, Ivens Machado, Icléa Goldberg, Jorge Barrão, Jorge Duarte, Katie van Scherpenberg, Leda Catunda, Luiz Ernesto, Marcos Cardoso, Marcos Coelho Benjamin, Nelson Felix, Nazareth Pacheco, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Ricardo Ventura, Sérgio Romagnolo, Tunga, Wesley Duke Lee

Abertura: sábado, 22 de julho de 2023 – 16 horas

Exposição de 22 de julho a 17 de setembro de 2023

Casa França-Brasil

Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro.

De terça a domingo, das 10h às 17h.

Horário de atendimento exclusivo para pessoas com deficiência intelectual e mental: quartas feiras de 10h às 11h. Local acessível para cadeirantes.

Entrada Gratuita.

Mesa Redonda e Lançamento do Catálogo da exposição Navegar É Preciso

Postado por CFB em 07/jul/2023 -

Sábado, dia 8 de julho, às 16h, lançamento do catálogo e conversa entre os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto com o historiador Paulo Knauss sobre aspectos históricos do estado do Rio de Janeiro e sua iconografia, relacionando-os à mostra Navegar é Preciso. Sujeito a lotação.

Última chance para o público visitar a exposição “Navegar é Preciso – paisagens fluminenses”, que ocupa as salas do histórico prédio da Casa França-Brasil, no centro do Rio, até o dia 9 de julho de 2023.

Sobre Paulo Knauss

Doutor em História, é professor do Departamento de História da UFF, membro do Comitê Brasileiro de História da Arte e da Academia Brasileira de Arte e sócio do IHGB e do IHGRJ. Entre 2015 e 2020 foi diretor do Museu Histórico Nacional (RJ). Como pesquisador, tem se dedicado ao estudo de relações entre arte, imagem e cultura visual, explorando especialmente a história de acervos e coleções. É autor publicado em diversas coletâneas. Atua também em curadoria de exposições, sendo as mais recentes as co-curadorias de “Cores da Paisagem – Nápoles-Rio no olhar de artistas italianos do século XIX”, realizada entre 2022 e 2023 no Paço Imperial- RJ, e “Imagens que não se conformam”, realizada inicialmente no Museu de Arte do Rio entre 2021 e 2022 e com itinerância pelo Brasil.

Sobre Marcus de Lontra Costa

Curador da mostra Navegar É Preciso – Paisagens Fluminenses, é crítico de arte e curador independente. Atuou como diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, editor da revista Módulo, crítico de arte dos periódicos O Globo, Tribuna da Imprensa e Isto É e assessor do Ministério da Cultura. Dirigiu os Museus de Arte Moderna de Brasília, do Rio de Janeiro e de Recife e foi secretário de Cultura da cidade de Nova Iguaçu (RJ). Em 2004, foi responsável pela curadoria da exposição coletiva “Onde está você, Geração 80?” no CCBB-RJ, em resposta à importante mostra realizada no Parque Lage em 1984. Atua também como parte do júri de seleção do Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça. Ao lado de Rafael Peixoto, foi curador da exposição “Raul Mourão – Lugar Geométrico” realizada na Casa França-Brasil entre março e abril de 2023.

Sobre Rafael Fortes Peixoto

Curador da mostra Navegar É Preciso – Paisagens Fluminenses. Atuou como curador em diversas exposições na Danielian Galeria (RJ), como “Anna Bella Geiger – Entre os vetores do Mundo”, “Manuel Messias – Do Tamanho do Brasil”, “Modernidades Emancipadas” e “Mulherio”, e em outras instituições como a Casa de Cultura Laura Alvim (RJ) e Museu Nacional da República (DF). Ao lado de Marcus Lontra, foi curador da exposiç ão “Raul Mourão – Lugar Geomét ric o” realizada na Casa França-Brasil entre março e abril de 2023.


Com o patrocínio da Petrobras e curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, a mostra reúne mais de 70 obras de 35 artistas que nasceram em cidades do Estado do Rio de Janeiro, ou que tenham escolhido essas cidades como ambiente para o desenvolvimento de suas pesquisas. A proposta da exposição é traçar um amplo panorama da riqueza cultural desse estado para além da capital. O título escolhido faz citação à frase que remete aos últimos anos do Império Romano, no século I a.c. e que foi imortalizada no imaginário coletivo pelo poeta português Fernando Pessoa para propor um olhar amplo para importância do Estado do Rio de Janeiro como centro de produção artística e cultural no Brasil. “Por ser capital do Império e da República durante muitos anos, o Rio sempre recebeu pessoas de diversos lugares do mundo, com diferentes vontades, comportamentos, culturas e histórias. Todas essas influências, construíram uma espécie de cosmopolitismo carioca que se ramificou por todo o estado, gerando fluxos culturais de grande importância” aponta o curador Rafael Fortes Peixoto.

O eclético grupo reunido para a mostra comprova essa riqueza artística enfatizada pela curadoria. Além da produção recente de alguns artistas, a mostra também dedica uma atenção especial à história da paisagem do Rio de Janeiro, trazendo pinturas icônicas de

Antonio Parreiras, Georg Grimm, Batista da Costa, Francisco Coculilo, Di Cavalcanti, Carlos Scliar e Newton Rezende, criando um contexto cronológico e estético para a exposição. Entre pinturas, esculturas, instalações e vídeos a exposição apresenta obras de: Abelardo Zaluar; Alvaro Seixas; Andréa Facchini; Bob Cardim; Chico Tabibuia, Cipriano, Daniel Lannes; Deneir; Edmilson Nunes; Francisco Coculilo, Gonçalo Ivo; Jarbas Lopes, João Carlos Galvão, Jarbas Lopes, Jorge Duarte; Lúcia Laguna; Luiz Aquila; Luiz Badia; Marcos Cardoso; Nelson Felix; Osvaldo Carvalho; Paiva Brasil; Pedro Varela, Rafael Alonso; Rafael Vicente; Raimundo Rodriguez; Raquel Saliba; Robson Macedo; Rodrigo Pedrosa; Wilson Piran.

Além disso, a ideia de paisagens fluminenses, que incorpora o gentílico comum a todos nascidos no Estado do Rio, refere-se aos vários afluentes que desembocam na capital trazendo suas influências e produções.

“Navegar é Preciso” é a primeira de três exposições do projeto Paisagens Fluminense que acontece ao longo de 2023. Contemplada na chamada Múltiplas Expressões, do Programa Petrobras Cultural, conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, e o patrocínio da Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, com o intuito de revitalizar a Casa França Brasil, tomando como ponto de partida sua importância histórica de espaço de cultural e de valorização da produção artística brasileira.

Serviço:
NAVEGAR É PRECISO – paisagens fluminenses
Curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto
Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro.
De terça a domingo, das 10h às 17h
Artistas: Abelardo Zaluar, Alvaro Seixas, Andréa Facchini, Antonio Parreiras, Batista da Costa, Bob Cardim, Carlos Scliar, Chico Tabibuia, Cipriano, Daniel Lannes, Deneir, Di Cavalcanti, Edmilson Nunes, Francisco Coculilo, Georg Grimm, Gonçalo Ivo, Jarbas Lopes, João Carlos Galvão, Jorge Duarte, Lúcia Laguna, Luiz Aquila, Luiz Badia, Marcos Cardoso, Nelson Felix, Newton Rezende, Osvaldo Carvalho, Paiva Brasil, Pedro Varela, Rafael Alonso, Rafael Vicente, Raimundo Rodriguez, Raquel Saliba, Robson Macedo, Rodrigo Pedrosa e Wilson Piran

Conversa com Professores na exposição Navegar É Preciso

Postado por CFB em 28/jun/2023 -

Atividade de formação para professores do estado e dos municípios do Rio de Janeiro, com objetivo de debater o conceito de paisagem na arte, seu possível desdobramento em atividades pedagógicas e sua presença na mostra Navegar É Preciso.

Sobre Tania Queiroz

Pesquisadora e Doutora em Arte e Cultura Contemporâneas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula (1979), especialização em Sociologia Urbana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1985) e Licenciatura em Artes e Sociologia pela Universidade Candido Mendes (2007). Foi professora substituta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro de 2005 a 2007. Coordenadora de Ensino, de 2007 a 2016, e professora, de 1992 a 2016, da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi Coordenadora da Casa França Brasil – RJ de maio de 2016 a maio de 2017 e professora de Artes e Sociologia na Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro de abril de 2010 a abril de 2020. Atualmente é diretora da Casa França Brasil-RJ e coordena a Escola sem Sítio, uma escola de ideias.

Entre 13/06 e 06/07/2023

Terças-feiras, das 14h às 17h

Quintas-feiras, das 09h às 12h

Aberta à professores das redes municipais, estaduais e particulares com inscrição prévia

20 vagas por dia disponíveis por ordem de inscrição pelo link: https://forms.gle/1CYTKMEF35Rux91u6

Gratuito | Presencial com emissão de certificado

Casa França-Brasil

Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro, RJ

Experiência em Montagem

Postado por CFB em 25/Maio/2023 -

EDUCATIVO PETROBRAS CULTURAL APRESENTA:

EXPERIÊNCIA EM MONTAGEM na exposição Navegar É Preciso aconteceu no dia 18/05

A experiência teve como objetivo apresentar, de maneira prática, o percurso para a montagem de uma exposição. A partir dos recortes curatoriais, das alternativas adotadas para a expografia e montagem da exposição NAVEGAR É PRECISO, foram apresentados e discutidos o projeto museográfico e seus diversos processos até a montagem final, com a presença dos curadores Marcus Lontra e Rafael Peixoto e de Tania Queiroz, diretora da Casa França-Brasil.

O encontro teve duração de 4 horas. Foram selecionadas 20 pessoas por ordem de inscrição, apenas pelo formulário disponibilizado nas redes sociais da Casa França Brasil.

Por que uma Casa França-Brasil?

Postado por CFB em 18/Maio/2023 -

Trecho do discurso do Vice Governador e Secretário Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro Darcy Ribeiro, durante a solenidade de assinatura do convênio de cooperação na restauração e instalação da Casa França Brasil. O documento foi assinado nas instalações da Casa França-Brasil, a 16 de outubro de 1985, por Darcy Ribeiro; pelo Ministro da Cultura da França, Jack Lang; pelo Ministro da Cultura do Brasil; pelo representante da Fundação Roberto Marinho e pelo presidente da Rhodia do Brasil.

Estou seguro de que se justifica plenamente sua implantação por muitas razões. Um espaço destinado a fixar e a divulgar o olhar francês sobre o Brasil, a visão com que os franceses, ao longo de cinco séculos, viram os brasileiros, é um projeto incitador e belo… Vamos repassar, brevemente, como quem roda um caleidoscópio, a história das relações de franceses e brasileiros… De fato, foi a França que fundou a cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, não queriam nos colonizar, então. O Rio francês foi fundado tentando criar, aqui, a primeira República Socialista Cristã. Os huguenotes, perseguidos na França, e os calvinistas, animados pelo próprio Calvino, aqui vieram ter para criar a Cidade Pia, uma civilização verdadeiramente cristã que a Europa não conseguiu plasmar.

Vejo a chegada daquelas naus, depois de meses de travessia oceânica, cheias de franceses hirsutos, barbudos, suados, marcados com as feias feridas do escorbuto. Cada um deles com sua bíblia na mão. Sonhando uma vida seráfica e pura. Da borda de suas naus de velas enfunadas, eles olhavam espantados, de olhos arregalados, os meus índios e as minhas índias com as partes pudendas à mostra, cheios de alegria de viver, saltando e gritando na praia e se perguntando quem era aquele gentio que vinha vindo em naus tão prodigiosas. Foi naquele momento, creio eu, que os franceses começaram a ser chamados pelos índios de maires, gente de Maíra, ou gente de Deus. Um deus estranho, diferente do cristão, mas que acabaria por converter mais franceses do que os calvinistas converteram aqui.

Expulsos do Rio, os franceses continuaram andando pela costa, como piratas e corsários, trocando bugigangas, espelhos e miçangas – fazem isto até hoje… – com os índios, que lhes davam em troca toras de pau brasil. Nossas relações, porém, talvez porque incidentais, foram sempre melhores do que as que os índios mantinham com os perós portugueses que queriam deles um trabalho de sol a sol, para produzir o açúcar com que adoçavam as bocas européias. Neste comércio de escambo, tanta intimidade tomaram os seus franceses com os meus índios que até se deram ao gosto de participarem de festivais de antropofagia. 

Sim, Senhor Ministro, alguns compatriotas seus andaram comendo gente aqui nessas plagas. Sabe-se até do caso de um arcabuzeiro alemão, mercenário dos portugueses, que os franceses não quiseram trocar por um machado de ferro e aconselharam que os índios o comessem porque era grande e estava gordo. Os índios se recusaram, porém. O tal alemão era muito frouxo, chorava e se sujava cada vez que tentavam fazê-lo participar, como comida, de um ritual de antropofagia.

Depois do Rio, os franceses, mais uma vez, tentaram se estabelecer em nossas terras. Disto resultou a fundação da nobre e bela cidade de São Luiz do Maranhão.(…) Lá, muitas foram as surpresas. Entre elas, lembro-me dos registros que dois curas franceses deixaram daquela aventura desventurada. É de recordar, sobretudo, um diálogo patético de um velho índio, muito sábio, que perguntava aos padres se eles não tinham confiança no seu Deus. Por que a gente francesa se dá tanto ao vício de acumular bens e guardar coisas, perguntava o índio. Acaso pensam que o mar vai deixar de dar peixes? Que a floresta não dará mais frutos? Que as roças não darão safras?

Nas décadas e nos séculos seguintes, franceses e brasileiros conviveram de mil formas, sempre mais cordiais que conflitivas porque mais livres que impostas. Claro que houve exceções, como no caso dos corsários que tomaram o Rio de Janeiro de assalto e o venderam para nós, como se retrata no musical esplêndido que está hoje, no palco de um teatro do Rio. Mais tarde, tiveram os franceses o nobre papel de pregadores subversivos dos princípios revolucionários da liberdade, igualdade e fraternidade. Conseguiram até – o que me parece espantoso – fazer a cabeça de alguns conterrâneos meus, mineiros. Inclusive de um deles que acabou sendo enforcado e esquartejado, tão perigoso se tornara como combatente pela liberdade e como republicano convicto. É Tiradentes, um francesista .

Hoje, com Jack Lang, são os franceses que voltam. E voltam para que, pergunto eu? Um dia eu lhe disse que tinha medo das tão grandes atenções que os franceses dão, agora, à América Latina. A última vez que isto sucedeu foi quando, sob Napoleão III, criou-se, em Paris, a expressão “América Latina”. Mas seu efeito principal foi nos impor um rei, Maximiliano, levado por tropas francesas para ser imperador do México, com ambições de reinar sobre a latinidade do Novo Mundo. Felizmente o projeto gorou.

Agora, sob o mando do socialista Mitterrand, podemos já receber os franceses e conviver com eles sem maiores receios. Tanto porque, hoje, temos sobre os demais povos latinos a superioridade , pobre é verdade, de sermos a  maior massa de neolatinos nesse mundo. Mas não se impaciente, Senhor Ministro; qualquer dia, prometo eu, nós seremos uma nova Roma ou, melhor, uma nova França. Um centro novo de criatividade cultural da latinidade, de uma latinidade vestida de carnes índias e negras,  de uma latinidade mestiça, que há de  florescer como uma civilização alegre e bela. Sobre estas bases, teremos o convívio ainda mais gratificante nos próximos quinhentos anos o que será devidamente comemorado nesta Casa França-Brasil.

NAVEGAR É PRECISO – PAISAGENS FLUMINENSES

Postado por CFB em 12/Maio/2023 -

A exposição “Navegar é Preciso – paisagens fluminenses” irá ocupar as salas do histórico prédio da Casa França-Brasil, no coração do centro da cidade do Rio de Janeiro de 20 de maio a 9 de julho de 2023.

Antonio Parreiras – Sertanejos – 1916 
foto Jaime Acioli

Com o patrocínio da Petrobras e curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, a mostra reúne mais de 70 obras de 35 artistas que nasceram em cidades do Estado do Rio de Janeiro, ou que tenham escolhido essas cidades como ambiente para o desenvolvimento de suas pesquisas. A proposta da exposição é traçar um amplo panorama da riqueza cultural desse estado para além da capital.  O título escolhido faz citação à frase que remete aos últimos anos do Império Romano, no século I a.c.  e que foi imortalizada no imaginário coletivo pelo poeta português Fernando Pessoa para propor um olhar amplo para importância do Estado do Rio de Janeiro como centro de produção artística e cultural no Brasil. “Por ser capital do Império e da República durante muitos anos, o Rio sempre recebeu pessoas de diversos lugares do mundo, com diferentes vontades, comportamentos, culturas e histórias. Todas essas influências, construíram uma espécie de cosmopolitismo carioca que se ramificou por todo o estado, gerando fluxos culturais de grande importância” aponta o curador Rafael Fortes Peixoto.

“Mares e rios, serras e planícies, são várias as paisagens fluminenses que formam o principal cenário na história da arte brasileira. “Navegar é preciso” apresenta um conjunto de importantes artistas nascidos ou residentes no interior que refletem a riqueza e a diversidade do nosso estado”
Marcus de Lontra Costa

Daniel  Lannes
Gozar e jogar a vida fora
2020

O eclético grupo reunido para a mostra comprova essa riqueza artística enfatizada pela curadoria. Além da produção recente de alguns artistas, a mostra também dedica uma atenção especial à história da paisagem do Rio de Janeiro, trazendo pinturas icônicas de Antonio Parreiras, Georg Grimm, Batista da Costa, Francisco Coculilo, Di Cavalcanti, Carlos Scliar e Newton Rezende, criando um contexto cronológico e estético para a exposição. Entre pinturas, esculturas, instalações e vídeos a exposição apresenta obras de: Abelardo Zaluar; Alvaro Seixas; Andréa Facchini; Bob Cardim; Chico Tabibuia, Cipriano, Daniel Lannes; Deneir; Edmilson Nunes; Francisco Coculilo, Gonçalo Ivo; Jarbas Lopes, João Carlos Galvão, Jarbas Lopes, Jorge Duarte; Lúcia Laguna; Luiz Aquila; Luiz Badia; Marcos Cardoso; Nelson Felix; Osvaldo Carvalho; Paiva Brasil; Pedro Varela, Rafael Alonso; Rafael Vicente; Raimundo Rodriguez; Raquel Saliba; Robson Macedo; Rodrigo Pedrosa; Wilson Piran.

Serviço:

NAVEGAR É PRECISO – paisagens fluminenses

Curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto

Casa França-Brasil

Artistas: Abelardo Zaluar, Alvaro Seixas, Andréa Facchini, Antonio Parreiras, Batista da Costa, Bob Cardim, Carlos Scliar, Chico Tabibuia, Cipriano, Daniel Lannes, Deneir, Di Cavalcanti, Edmilson Nunes, Francisco Coculilo, Georg Grimm, Gonçalo Ivo, Jarbas Lopes, João Carlos Galvão, Jorge Duarte, Lúcia Laguna, Luiz Aquila, Luiz Badia, Marcos Cardoso, Nelson Felix, Newton Rezende, Osvaldo Carvalho, Paiva Brasil, Pedro Varela, Rafael Alonso, Rafael Vicente, Raimundo Rodriguez, Raquel Saliba, Robson Macedo, Rodrigo Pedrosa e Wilson Piran 

Abertura: sábado, 20 de maio de 2023 – 16 horas 

Exposição de 20 de maio a 9 de julho de 2023

Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro. 

De Terça a Domingo, das 10h às 17h 

Horário de Atendimento Exclusivo para pessoas com deficiência intelectual e mental:

Todas Quartas-Feiras de 10h às 11h


Lugar Geométrico de Raul Mourão

Postado por CFB em 05/Maio/2023 -

A exposição LUGAR GEOMÉTRICO, individual do artista carioca Raul Mourão, irá ocupar os espaços expositivos da Casa França-Brasil entre 18 de março e 16 de abril de 2023. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, a mostra reúne trabalhos em diferentes escalas que exploram as relações com a arquitetura histórica do prédio a partir das dicotomias entre dentro e fora, cheio e vazio, público e íntimo, instável e estável.

O título da exposição, LUGAR GEOMÉTRICO, inspira-se em um conceito da geometria analítica para propor reflexões sobre as questões de pertencimento que atravessam a arte contemporânea, tomando as formas e linhas como ponto de partida. Para isso, a exposição traz trabalhos que exploram o movimento pendular em esculturas de ferro da série Rebel, com destaque para duas obras em grande escala criadas por Raul em 2020 que irão ocupar o átrio central da Casa França.

A exposição ocupou a Casa França Brasil do dia 18 de abril ao dia 30 de março e trouxe mais de 13 mil visitantes à Casa.

Luiz Moreira fez sua primeira individual no Rio

Postado por CFB em 14/dez/2022 -

A mostra teve abertura no dia 10 de dezembro de 2022 e permaneceu até 11 de fevereiro de 2023.

Reunindo 32 imagens impressas de dimensões variadas, vídeos da série visual do artista “Ayê e Orum e Oxum às margens do Rio da Barra”, além de adornos e objetos em colaboração com os artistas Diego Silf, Felipe Maltone e Victor Hugo Mattos.

Com foco em promover uma experiência para todos os tipos de público e uma oportunidade de um novo olhar sobre a arte, seja para os que estão ou não habituados a frequentar espaços culturais. Além de promover visitas mediadas pela equipe do programa educativo, obras táteis, objetos e uma programação na agenda do período da exposição com artistas de performance convidados, além de conversas abertas e visitas guiadas com o artista e o curador. 

O trabalho estético e documental de Luiz Moreira combina sensibilidade com a cultura contemporânea, a condição humana, perspectivas diaspóricas e o culto às orixalidades das religiões de matrizes africana. O que vem dessa mistura é uma alegria pela vida e pela beleza que relaciona a sexualidade carregada de símbolos e adereços da cultura afro-brasileira.

“Luiz Moreira exalta a potência estética das festas, dos ritos, da cultura dos povos originários da África. As cores vibram diante de nosso olhar e as personagens caminham entre nós como um desfile de carnaval: cor, sedução e encantamento. A beleza aqui é epiderme, carne, organismos pulsantes que vibram, dançam e parecem indicar um caminho novo para os seres humanos angustiados nas suas solidões e sofrimentos. Diante das poderosas imagens de Luiz Moreira compreendemos que, ao final, nos resta a esperança e que ela há de consagrar na pele escura desse novo Brasil que em breve haverá de surgir: preto, forte, corajoso belo e verdadeiro.”  Marcus de Lontra Costa, curador da exposição

Acessibilidade: Fotografias selecionadas do artista ganham versões táteis pelas mãos da artista plástica e arte educadora Marina Baffini, do projeto Inclua-me, Arte & Cultura para Todos.

Luiz Moreira é atualmente representado pelo Instituto iadê de arte e design com direção de Adriana Bianchi.

A Luz da Beleza – Luiz Moreira 

Local: Casa França-Brasil 

Realização: Instituto iadê de arte e design

Patrocínio: Lugpar 

Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 17h.

Horário de Atendimento Exclusivo para pessoas com deficiência intelectual e mental: quartas-feiras de 10h às 11h. 

Local acessível para cadeirantes.

Permanecendo até 11 de fevereiro de 2023

Entrada Gratuita

Casa França-Brasil recebe mostra da World Press Photo sobre resiliência feminina

Postado por CFB em 03/nov/2022 -

Exposição reúne uma seleção de histórias premiadas nos concursos da World Press Photo dos últimos 20 anos, sobre mulheres das mais diferentes comunidades mundiais entre os anos 2000 e 2021. Abertura será no dia 11 de novembro, na Casa França-Brasil.

A partir de 11 de novembro, a Casa França-Brasil recebe a exposição “Resiliência – Histórias de mulheres que inspiram mudanças“, uma seleção de histórias premiadas nos concursos da World Press Photo de 2000 a 2021, que salientam a resiliência e os desafios de mulheres, meninas e comunidades em todo o mundo. São retratos documentados por 17 fotógrafos, de 13 nacionalidades diferentes que expressam, por meio das fotografias, suas visões sobre questões como sexismo, violência de gênero, direitos reprodutivos e igualdade de gênero. A mostra em andamento no Instituto Artium, em São Paulo, chegará em novembro ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre.


Entre as fotografias em cartaz, Crying for Freedom, da iraniana Forough Alaei, que documentou torcedoras proibidas de entrar em estádios de futebol de seu país. Arriscando serem presas, as torcedoras se disfarçam de homens para entrar nos estádios. O retrato Finding Freedom in the Water, da fotógrafa Anna Boyiazis, compartilha a história de alunas da Escola Primária Kijini que aprendem a nadar e a realizar salvamentos, no Oceano Índico, na Praia de Muyuni, Zanzibar. Tradicionalmente, as meninas do Arquipélago de Zanzibar são dissuadidas de aprender a nadar, muito devido à falta de roupas de banho mais recatadas. 

As narrativas, contadas por meio das fotografias premiadas, revelam como as questões de gênero evoluíram no século XXI e como o fotojornalismo progrediu em sua forma de retratar essas mulheres e suas histórias. A exposição inclui ainda fotografias de Finbarr O’Reilly, Maika Elan, Catalina Martin-Chico, Pablo Tosco, Olivia Harris, Terrell Groggins, Jonathan Bachman, Heba Khamis, Daniel Berehulak, Robin Hammond, Diana Markosian, Jan Grarup, Magnus Wennman, Irina Werning, and Fulvio Bugani.

Esta exposição reflete o compromisso dos Países Baixos com os direitos das mulheres, a igualdade de gênero e a justiça, fundamentais na defesa de sociedades harmônicas. Mulheres em todo o mundo enfrentam desigualdades profundamente arraigadas, que as mantém sub-representadas em papéis políticos e econômicos.

 Em 2021, em todo o mundo, as mulheres representavam apenas 26,1% de cerca de 35.500 bancadas parlamentares, apenas 22,6% de mais de 3.400 ministérios, e 27% de todas as posições de gerência. A violência contra as mulheres prevalece como uma grave ameaça global e um problema de segurança.

“Resiliência – Histórias de mulheres que inspiram mudanças“ é uma exposição feita em parceria com a Fundação The World Press Photo e o Reino dos Países Baixos é gratuita e fica em cartaz a partir de 11 de novembro ao dia 30 de novembro, Casa França-Brasil, no Rio. 

Reabertura da CFB em 2021

Postado por CFB em 12/jan/2022 -

O1 ano de 2021 na https://lekarnavbezovce.cz/viagra-prodej-bez-receptu/ Casa França-Brasil foi essencial como parte da sua história, principalmente pela retomada dos seus projetos junto a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.

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A reabertura, após fechamentos da pandemia de COVID-19, foi marcada com a Exposição “Forma e Cor” que trouxe cerca de 20 obras dos pintores Luiz Aquila e Marcos Duprat e dos escultores Emanoel Araújo e Luiz Hermano; a exposição foi assinada por Duprat e pela própria diretora da Casa, Helena Severo. A seleção das obras foi uma homenagem à crítica de arte, poeta e diplomata Vera Pedrosa, uma admiradora e influenciadora da obra dos artistas, falecida em fevereiro de 2021, aos 85 anos. Foram 20 trabalhos que exploraram, de forma diversa, o abstracionismo, tanto na construção cromática quanto na utilização das linhas geométricas.

Em setembro de 2021 a CFB recebeu o Movirio Festival, que tem como objetivo principal “compartilhar diversas experiências artísticas e profissionais, alimentando os participantes através de trocas enriquecedoras. Abrindo-se assim novas janelas de possibilidades e incentivando o corpo da dança através da transversalidade do Movimento.”. A mostra de vídeos com a temática de dança reuniu diversos trabalhos vindo de inúmeros pontos de todo o Brasil.

Houve também o Rio Coffee Nation 3ª Edição, evento conhecido por trazer degustações, workshops e palestras reunindo assim todos os apaixonados por café na CFB. Foram dois dias da edição com formato híbrido que, além dos outros acontecimentos, contou também com campeonatos como os de latte art e competição para decidir o melhor café torrado.

As duas exposições que fecharam o ano da Casa foram a “Bienal Europeia e Latino-americana de Arte Contemporânea” e a “Uns Sobre os Outros: História como Corpo Coletivo”. A Bela Bienal trouxe o tema “Sustentabilidade: A natureza na Arte” e contou com o intercâmbio cultural entre artistas latinos e finlandeses, com grande diversidade de obras como pinturas, colagens e até mesmo esculturas. Já a Uns Sobre Os Outros contou com temática voltada para o ser humano e a sua relação com a própria humanidade.

Além dos eventos e exposições a Casa França-Brasil também contou com diversos ensaios e apresentações do programa “Orquestra nas Escolas do IBME – Instituto Brasileiro de Música e Educação ” , como a série “Paisagens Sonoras” ou os “Concertos de Natal”; Houve também a honra de receber o artista Emicida em apresentação para o Prêmio Multishow, com as músicas “Pequena Memória de Um Tempo Sem Memória / Paisagem”.